Em meados de 2021 e 2022, ocorreram uma serie de investimentos sobre NFTs, esse mercado chegou a movimentar um total de U$ 2,8 bilhões semanalmente. Contudo, em julho de 2023, a negociação semanal atingiu U$ 80 milhões – o que representa 3% do pico do volume de movimentações, em agosto de 2021. [1]
Essa enorme queda foi discutida em um relatório da dappGambi, ao constatar que mais de 95% dos NFTs não têm valor algum. A título exemplificativo, Bored Ape Yacht Club, que é a coleção principal entre os Bored Apes, atualmente tem seu “floor price” (preço mínimo entre todos os NFTs da coleção) em US$ 45 mil, após ter alcançado um mínimo de US$ 345 mil no segundo trimestre de 2022. [2]
Em que pese estarmos diante de uma desvalorização pecuniária do ativo, os NFTs não morreram e ainda podem ser observados em diversas ações comerciais de relevantes marcas multinacionais, como por exemplo, na coleção lançada pela Tiffany em parceria com os proprietários do NTF CryptoPunk, em que a arte presente em 250 NFTs foram transformadas em pingentes de diamantes. Estima-se que com esta parceria, a Tiffany tenha lucrado mais de US$ 12 milhões. [3]
A Starbucks também está evoluindo quanto a sua atuação em ambientes virtuais que interagem com o mundo real por meio de NFT, com a criação da “Odisséia da Starbucks”. Este é um ambiente totalmente digital no qual o consumidor poderá acumular selos digitais e quanto maior for este acúmulo, os proprietários podem subir de nível na plataforma e conquistar benefícios, tais como aulas sobre bebidas, produtos, ingressos para eventos exclusivos e até uma viagem para a Costa Rica em uma fazenda de café da Starbucks. [4]
No Brasil, alguns imóveis estão começando a ser negociados em plataformas de blockchain por meio de NFTs, como no caso da startup Netspaces que já digitalizou 30 imóveis em Porto Alegre com valor total de R$ 9 milhões, além de lançar uma campanha comercial em parceria com o portal Imovelweb, colocando à venda 18 empreendimentos fracionados em cem NFTs, avaliados em R$ 40 milhões, tendo meta expansionista de alcançar 500 propriedades tokenizadas, com valor médio de R$ 300 milhões. [5]
Na prática, a tokenização do imóvel funciona da seguinte forma: o imóvel (e sua escritura) passam a ser ligados a um token criptografado, que representa algo único e não pode ser mudado, sendo que, esse token será comercializado via plataforma blockchain. Quando alguém compra o token, fica registrado que esta pessoa passa a ser proprietária daquele imóvel. [6]
O mercado está passando por uma atualização quanto a utilização dos NFTs, sendo que, os ativos digitais que não apresentarem um benefício aos usuários, seja em experiências exclusivas ou facilidades concretas, tendem a ter seu valor reduzido ou igualados a zero.
Porém, a maior interação com o mundo real ocasiona diretamente maiores desafios e questionamentos sobre a validade jurídica das transações executadas, os direitos dos consumidores sobre os serviços ofertados e as regulações específicas sobre estes ativos, conforme preocupações externalizadas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA): [7]
Como apresentado, a
tokenização gera novos benefícios e desafios que impactam papéis e
responsabilidades. Os níveis desses impactos dependerão da arquitetura definida
durante o processo de tokenização alinhada com o desenvolvimento de regulações
específicas. [8]
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